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domingo, 19 de fevereiro de 2012

Sra. SERRA- Sta. MARTA DE PENAGUIÃO- Parte 1

Subir à serra, mais concretamente à Serra do Marão, merece palavras maiores, versos de grandes vozes e mãos sábias. Podia ser Torga, o grande transmontano, a ROCHA, de nome e de carácter, tão mostrado aqui, mas fica a subtileza das palavras de Sofia, retiradas da "Obra Poética" I e II, edição do Círculo de Leitores.

Publica-se hoje a primeira parte deste percurso, orientado e à responsabilidade da Câmara Municipal de Sta. Marta de Penaguião e que tem o título de "Trilho da Sra.  da Serra".

PUDESSE EU

Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Pra poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes.

 A ROCHA
Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias.

O VALE
O JARDIM E A CASA

Não se perdeu nenhuma coisa em mim.
Continuam as noites e os poentes
Que escorreram na casa e no jardim,
Continuam as vozes diferentes
Que intactas no meu ser estão suspensas.
Trago o terror e trago a claridade,
E através de todas as presenças
Caminho para a única unidade.

A CASA

JARDIM

Alguém diz:
"aqui antigamente houve roseiras"-
Então as horas
Afastam-se estrangeiras,
Como se o tempo fosse feito de demoras.

A TORGA

 O MINOTAURO

Assim o Minotauro longo tempo latente
De repente salta sobre a nossa vida
Com veemência vital de monstro insaciado.

TAPETE VOADOR

BREVE ENCONTRO

Este é o amor das palavras demoradas
Moradas habitadas
Nelas mora
Em memória e demora
O nosso breve encontro com a vida.

FOLHAS CAÍDAS ((Whitman)

PARÁFRASE

Antes ser sob a terra abolição e cinza
Do que ser neste mundo rei de todas as sombras.

A TEORIA DO CAOS

COMO O RUMOR

Como o rumor do mar dentro de um búzio
O divino sussurra no universo
Algo emerge: primordial projecto.

PÓVOA DA SERRA

CORPO A CORPO

Lutaram corpo a corpo coM o frio
Das casas onde nunca ninguém passa,
Sós, em quartos imensos de vazio,
Com um poente em chamas na vidraça.

ROSTO 1


ROSTO 2
RETRATO DE MULHER

Algo de cereal e de campestre
Algo de simples em sua claridade
Algo sorri em sua austeridade.



JARDIM SERRANO

EM TODOS OS JARDINS

Em todos os jardins hei-de florir,
Em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.

Um dia serei eu o mar e a areia,
A tudo quanto existe me hei-de unir,
E o meu sangue arrasta em cada veia
Esse abraço que um dia se há-de abrir.

Então receberei no meu desejo
Todo o fogo que habita na floresta
Conhecido por mim como um beijo.

Então serei o ritmo das paisagens,
A secreta abundância dessa festa
Que eu via prometida nas imagens.

BÉTULAS

SE TODO O SER

Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruimos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus, em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma beberá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.

BÉTULAS ESCONDIDAS

Ó NOITE

Ó noite, flor acesa, quem te colhe?
Sou eu que em ti me deixo anoitecer,
Ou o gesto preciso que te escolhe
Na flor dum outro ser?


 " A BEND IN THE MOUNTAIN"

NO PONTO

No ponto onde o silêncio e a solidão
Se cruzam com a noite e com o frio,
Esperei como quem espera em vão,
Tão nítido e preciso era o vazio.


 PROMESSA DE LUZ

PROMESSA

És tu a Primavera que eu esperava,
A vida  multiplicada e brilhante,
Em que é pleno e perfeito cada instante.

 DISCUSÃO

OS DEUSES

Nasceram, como um fruto, da paisagem.
A brisa dos jardins, a luz do mar, O branco das espumas e o luar
Extasiados estão na sua imagem.

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