SÚPLICA
Rio, que levas o meu sangue ao mar
E no mar o sepultas,
Doira a minha memória.
Conta às ondas e ao vento
A desumana história
Da minha dor.
Que não julguem que tudo se resume
A uma gota de sol e de perfume
Diluída no pó da tua cor.
Miguel Torga
E dos rios houve paisagem e gente e cor.
Não é o Tua, um rio intocável, mas apenas passível de retoques humanos. Retoques que não destruam o ímpeto do seu leito, a beleza das suas margens, nem a parca comunhão com os homens. Talvez a barragem possa ser repensada para mostrar que há mais valores que o desenvolvimento, para mostrar que há deuses e que podemos comungar com as suas terras, as suas paisagens.
De Abreiro a Mirandela a paisagem e o rio mudam significativamente. De onde em onde, ainda algum fulgor, alguma agitação, mas a suavidade, o calor, a brandura começa a apoderar-se do olhar e as cores primaveris são intensas.
Este foi o segundo e último dia desta caminhada. A pretensão de fazer Mirandela- Bragança, dependerá da possibilidade em avançar por uma linha abandonada há mais tempo.
Ficam as imagens, sem sons nem odores que aguçariam ainda mais o apetite dos que vêem mais do que apenas um rio, uma linha de caminho de ferro abandonada e pedras inacessíveis.
A famosa ponte rodoviária de Abreiro.
À saída de Abreiro, em direcção a Mirandela.
Os últimos fulgores de um rio esquecido... até há pouco tempo!
A giesta, endémica em Trás-os-Montes.
Isto é um 31!
Lilás.
Urze.
Os primeiros momentos agitados do rio.
Oliveiras na serra.
Represa de Primavera.
Linha em flôr.
Flores na linha a P&B.
A primeira aldeia verdadeiramente junto à aldeia, desde a estação do tua. Para esta gente estará ainda presente Jorge Pelicano e o seu "Pare, escute, olhe".
Há 15 anos, parei e subi ao café. Nunca fui tão bem recebido. Ofereceram-me o almoço, bebidas frescas e uma sombra para descansar dessa outra caminhada de Verão.
Restos do Douro.
Estação da Ribeirinha. Ver o documentário de Jorge Pelicano.
Claridades.
Vinhas com benefícios de luz.
Já 36.
A estação de Vilarinho. A estrada ao lado direito, com mais velocidades.
Só(l)inhas
Diluições do tempo.
Ao Cachão.
Horizonte com limites.
Ahh! Afinal, o chamado "Metro de Superfície" existe ainda, só até ao Cachão.
Mais um quilómetro a cores.
Nostalgia.
Estação de Frechas. Recomposta mas abandonada. Os bilhetes vendem-se a bordo do Metro.
Passagem de nível com guarda moderno e sinais luminosos.
Pequeno túnel de Frechas.
Caminhada para o infinito.
Vislumbres do rio um pouco mais afastado.
O metro em sentido contrário.
Incongruências. Um mercedes na paisagem. As novas maneiras de viajar.
Afinal o Lódo existe, e este é enorme.
Inclinações finais.
O contentamento do Tiago.
Mirandela.
Aproximação da estação de Mirandela.
Mesmo aqui, a surpresa. A estação está abandonada, violada, e construiu-se um edifício ao lado para servir o metro e as camionetas de transportes rodoviários de passageiros! Nada poderia ser aproveitado??
E o tempo parou! Não sabemos há quanto tempo, porque agora o tempo não parece existir. Ficam ainda as memórias das gentes, como se elas fossem o bastante para fazer fluir os ponteiros inexistentes. É pena!
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