Boas vistas

quinta-feira, 21 de abril de 2011

LINHA DO TUA 2º DIA: Abreiro- Mirandela


SÚPLICA

Rio, que levas o meu sangue ao mar
E no mar o sepultas,
Doira a minha memória.
Conta às ondas e ao vento
A desumana história
Da minha dor.
Que não julguem que tudo se resume
A uma gota de sol e de perfume
Diluída no pó da tua cor.

Miguel Torga

E dos rios houve paisagem e gente e cor. 
Não é o Tua, um rio intocável, mas apenas passível de retoques humanos. Retoques que não destruam o ímpeto do seu leito, a beleza das suas margens, nem a parca comunhão com os homens.  Talvez a barragem possa ser repensada para mostrar que há mais valores que o desenvolvimento, para mostrar que há deuses e que podemos comungar com as suas terras, as suas paisagens.


De Abreiro a Mirandela a paisagem e o rio mudam significativamente. De onde em onde, ainda algum fulgor, alguma agitação, mas a suavidade, o calor, a brandura começa a apoderar-se do olhar e as cores primaveris são intensas.
Este foi o segundo e último dia desta caminhada. A pretensão de fazer Mirandela- Bragança, dependerá da possibilidade em avançar por uma linha abandonada há mais tempo.
Ficam as imagens, sem sons nem odores que aguçariam ainda mais o apetite dos que vêem mais do que apenas um rio, uma linha de caminho de ferro abandonada e pedras inacessíveis.


A famosa ponte rodoviária de Abreiro.

À saída de Abreiro, em direcção a Mirandela.

Os últimos fulgores de um rio esquecido... até há pouco tempo!

A giesta, endémica em Trás-os-Montes.

Isto é um 31!

Lilás.

Urze.

Os primeiros momentos agitados do rio.

Oliveiras na serra.
Represa de Primavera.

Linha em flôr.

Flores na linha a P&B.

A primeira aldeia verdadeiramente junto à aldeia, desde a estação do tua. Para esta gente estará ainda presente Jorge Pelicano e o seu "Pare, escute, olhe".
Há 15 anos, parei e subi ao café. Nunca fui tão bem recebido. Ofereceram-me o almoço, bebidas frescas e uma sombra para descansar dessa outra caminhada de Verão.

Restos do Douro.

Estação da Ribeirinha. Ver o documentário de Jorge Pelicano.

Claridades.

Vinhas com benefícios de luz.

Já 36.

A estação de Vilarinho. A estrada ao lado direito, com mais velocidades.


Só(l)inhas


Diluições do tempo.

Ao Cachão.



Horizonte com limites.

Ahh! Afinal, o chamado "Metro de Superfície" existe ainda, só até ao Cachão.

Mais um quilómetro a cores.

Nostalgia.

Estação de Frechas. Recomposta mas abandonada. Os bilhetes vendem-se a bordo do Metro.

Passagem de nível com guarda moderno e sinais luminosos.

Pequeno túnel de Frechas.

Caminhada para o infinito. 

Vislumbres do rio um pouco mais afastado.








O metro em sentido contrário.



Incongruências. Um mercedes na paisagem. As novas maneiras de viajar.


Afinal o Lódo existe, e este é enorme.





Inclinações finais.

O contentamento do Tiago.


Mirandela.

Aproximação da estação de Mirandela.


Mesmo aqui, a surpresa. A estação está abandonada, violada, e construiu-se um edifício ao lado para servir o metro e as camionetas de transportes rodoviários de passageiros! Nada poderia ser aproveitado??

E o tempo parou! Não sabemos há quanto tempo, porque agora o tempo não parece existir. Ficam ainda as memórias das gentes, como se elas fossem o bastante para fazer fluir os ponteiros inexistentes. É pena!

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