Será já impossível definir este trilho como sendo um local onde outrora passavam comboios em bitola estreita, capazes de tirar esta região do isolamento a que estava votada ( e continua a estar) , ou até para escoar o minério de ferro das minas do Reboredo (o que não é preocupação das autoridades há já muito tempo). Da linha nem sinais! Diz-se que foi vendida por um bom preço...!, os carris, pois que tudo o resto está votado ao abandono!; do espaço onde esta linha outrora existiu, e aparentemente não pode ser vendido (ou pode?) restam pedaços quase intransponíveis, mesmo a pé.
Em frente à estação de Duas Igrejas
A 1 de Agosto de 1988 terminou todo o serviço ferroviário nesta linha da margem direita do rio Douro. O início da sua construção deu-se em 1911 e foi concluída em 1938. Nunca foram estendidos os carris até à magnífica cidade de Miranda do Douro, preferindo-se Duas Igrejas, como seu términus, omitindo assim 10km de linha e a possibilidade de se fazer a ligação com Espanha. A história é curta e os portugueses não sabem fazer bem a introspecção do passado no que toca ao património. Esquecemos as gentes, as tradições, os lugares, porque simplesmente para a maioria eles nem sequer existem!
Estação de Duas Igrejas
Fica a memória de alguns. Pedaços de um passado aparentemente inexistente tal é o abandono.
Estação de Duas Igrejas, cais de embarque
Planeada a jornada a pé, de modo a vivificar o que resta da Linha do Sabor, para se feita em 3 etapas (3 dias), optou-se por começar no topo norte, envolvendo alguns malabarismos de logística. Ou seja, começar em Duas Igrejas e percorrer toda a linha até ao Pocinho, do km 105,3 ao km 0, respectivamente.
Apesar de tudo, é mais fácil chegar a esta localidade agora, desde que existe o IC5, embora esta estrada não conste nos mapas mais actualizados...
Engenhoca para rodar as locomotivas
E começámos a descer o Nordeste Trasmontano, num dia de muito calor, como só o nordeste pode oferecer, mesmo neste Verão esquisito.
Começo da caminhada, em direcção ao Pocinho.
Vontade não faltava mas os obstáculos são logo ali, a 50 metros do início.
Linha obstruída. Saltamos pelo menos 3 vedações.
Este será o modo como teremos de percorrer a maior parte do trajecto... ora por entre a vegetação, ora ao lado pelos campos cultivados, ora procurando caminhos que se não desviassem muito do antigo traçado da linha.
Pele de cobra. Neste local vimos a cobra a fugir-nos junto aos pés.
Como relembrar a paisagem que de comboio podia ser observada?
A paisagem no planalto mirandês
Caminhar ao lado da ex-linha
Os "amigos"nordestinos
Silhueta do companheiro de viagem
Sair da linha para continuar
Primeiro apeadeiro, Fonte da Aldeia
Dentro do apeadeiro
Pare, escute e olhe
Restos
O mais verde era a antiga linha
Burro ao lado da linha
A "senhora da água fresca"
O tempo da "senhora da água fresca"
Caminho ao lado da linha
A estação de Sendim
Um invento do nordeste
Sem carris
O apeadeiro de Urrós
Caminheiro atrás das grades
A saída impossível, a senda impossível!
Passagem inferior
Enrolamentos
À moda antiga
Um bom trecho da "não-linha"
Linha inundada. Até de represa serve...
Mais ou menos linha
Um novo companheiro de viagem, qual anjo em momentos difíceis!
A chegada a Variz. Momento de bolhas nos pés. Sinal de alarme!
A estação de Variz, em frente e verso.
A saída penosa em bom caminho
Recortes do Nordeste grandioso.
Ainda se vê o trilho da linha
Quase nem trilho, nem companheiro. As bolhas, meu Deus, as bolhas!
Castanheiros no pão
Passagem superior interdita
Estação de Mogadouro.
O objectivo não ia ser cumprido. A cerca de 10 km de Mogadouro, na estação do mesmo nome, parámos devido a problemas nos pés, com bolhas enormes. Imperdoável para quem está habituado a andar. Fomos dormir à vila, para regressarmos no dia seguinte e apenas conseguir andar, penosamente, até Vilar de Rei. Impossível continuar!
Fica a certeza de regressar em breve e fazer o que está por acabar.
A silhueta do dia seguinte.
A linha e eu EM BAIXO
Paisagem para terminar... por hoje!
Propositadamente não fotografei o bonito apeadeiro de Vilar de Rei. Será outra entrada, a começar por aqui. Com menos calor, menos peso às costas e pés bem tratados.
Resta dizer, mais uma vez, que temos gente a mandar neste país, que nem devia ter qualquer espécie de responsabilidade. É lamentável o que aconteceu com estas linhas que foram desactivadas. Só mostra quão pobres de espírito somos... ou então houve muitos interesses pelo meio.
Gostei de ver as maravilhosas fotos.
ResponderEliminarEm que mês foi à Irlanda?
Eu vou agora no início de Setembro,
o meu problema é a chuva, porque chovendo, não poderei fazer percursos pedestres
nem fazer fotos como estas...
Dê-me umas dicas para a visita da Irlanda.
Agradeço desde já, tudo o que puder dizer-me.
Obrigado
Agradeço os comentários.
EliminarQuanto à Irlanda, fui no mês de agosto, quase nunca tive chuva. É um país lindíssimo, em que a paisagem é intensa. Killarney, o anel de Kerry e a baía de Dingle, foram foram locais que visitei no sudueste... sem palavras.O mar e a montanha fazem lembrar a Escócia e ficamos sem respiração. Penso que para usufruir melhor é necessário alugar um carro e partir à descoberta.
Abraço