... e a caminhada heróica da minha mãe!
Na aldeia de Parada do Lindoso, com belos caminhos vincados por carros de bois, de antigamente, e magníficas latadas, com as uvas maduras ainda por cortar (e desconfio que não irão ser cortadas) a fazer uma sombra agradável neste dia de calor.
Onde os carvalhos são de um verde, Gerês;
Dos muros brotam lendas antigas, capazes de fazer sussurros encantados;
E a luz, contorna as pedras aquecendo-as;
Apetece subir ao ponto mais alto e olhar a Peneda sentindo todo o seu silêncio.
Da água, abundante, apenas se pode dizer que é ela, esta mesma água, que alimenta o Minho, terra de fertilidade, nas palavras de José Mattoso.
Caminhos sólidos, marcas do tempo perpétuo.
Ou uma mão do homem, suavemente pousada sobre a natureza.
Até chegar ao local Encantado.
E ao Penedo do Encanto, com as suas inscrições quase imperceptíveis e milenares inserido num carvalhal demasiado céltico.
E a comungar com a Mãe Natureza, a heroína do dia, no seu descanso merecido.
Para regressar ao caminho encantado.
O fiel companheiro e os moços.
A caminheira mais valente!
E o caminho, de repente, transforma-se em linha de água.
A imponência do quercus.
E da Barrosã.
Dos espigueiros de Parada.
Cogumelo em Setembro.
E a porta que se fecha.
Este é um percurso sinalizado, com belíssimas paisagens. Fazê-lo com a minha mãe foi algo inédito e de valor incalculável. Ela, nos seus quase 80 anos, quase sem ver, foi magnífica companheira e caminhante. Este é o meu tributo ao seu sorriso e à sua persistencia. A foto que se segue é apenas sua, para comungar com o meu pai, que não pôde fazer este caminho, mas outros trilhará, algures!
Aos dois!!