Boas vistas

quarta-feira, 11 de julho de 2012

LINHA DO SABOR 2- ETAPA I

Será já impossível definir este trilho como sendo um local onde outrora passavam comboios em bitola estreita, capazes de tirar esta região do isolamento a que estava votada ( e continua a estar) , ou até para escoar o minério de ferro das minas do Reboredo (o que não é preocupação das autoridades há já muito tempo). Da linha nem sinais! Diz-se que foi vendida por um bom preço...!, os carris, pois que tudo o resto está votado ao abandono!; do espaço onde esta linha outrora existiu, e aparentemente não pode ser vendido (ou pode?) restam pedaços quase intransponíveis, mesmo a pé.

Em frente à estação de Duas Igrejas

A 1 de Agosto de 1988 terminou todo o serviço ferroviário nesta linha da margem direita do rio Douro. O início da sua construção deu-se em 1911 e foi concluída em 1938. Nunca foram estendidos os carris até à magnífica cidade de Miranda do Douro, preferindo-se Duas Igrejas, como seu términus, omitindo assim 10km de linha e a possibilidade de se fazer a ligação com Espanha. A história é curta e os portugueses não sabem fazer bem a introspecção do passado no que toca ao património. Esquecemos as gentes, as tradições, os lugares, porque simplesmente para a maioria eles nem sequer existem!

Estação de Duas Igrejas

 Fica a memória de alguns. Pedaços de um passado aparentemente inexistente tal é o abandono.


Estação de Duas Igrejas, cais de embarque

Planeada a jornada a pé, de modo a vivificar o que resta da Linha do Sabor,  para se feita em 3 etapas (3 dias), optou-se por começar no topo norte, envolvendo alguns malabarismos de logística. Ou seja, começar em Duas Igrejas e percorrer toda a linha até ao Pocinho, do km 105,3 ao km 0, respectivamente.
Apesar de tudo, é mais fácil chegar a esta localidade agora, desde que existe o IC5, embora esta estrada não conste nos mapas mais actualizados...

Engenhoca para rodar as locomotivas

E começámos a descer o Nordeste Trasmontano, num dia de muito calor, como só o nordeste pode oferecer, mesmo neste Verão esquisito.

Começo da caminhada, em direcção ao Pocinho.

Vontade não faltava mas os obstáculos são logo ali, a 50 metros do início.

Linha obstruída. Saltamos pelo menos 3 vedações.

Este será o modo como teremos de percorrer a maior parte do trajecto... ora por entre a vegetação, ora ao lado pelos campos cultivados, ora procurando caminhos que se não desviassem muito do antigo traçado da linha.

Pele de cobra. Neste local vimos a cobra a fugir-nos junto aos pés.

 Como relembrar a paisagem que de comboio podia ser observada?

A paisagem no planalto mirandês

Caminhar ao lado da ex-linha

Os "amigos"nordestinos

Silhueta do companheiro de viagem

Sair da linha para continuar

Primeiro apeadeiro, Fonte da Aldeia

Dentro do apeadeiro

Pare, escute e olhe

Restos

O mais verde era a antiga linha

Burro ao lado da linha

A "senhora da água fresca"

O tempo da "senhora da água fresca"

Caminho ao lado da linha

A estação de Sendim

Um invento do nordeste
 

Sem carris 


O apeadeiro de Urrós 


Caminheiro atrás das grades 


A saída impossível, a senda impossível!


Passagem inferior 


Enrolamentos 


À moda antiga 


Um bom trecho da "não-linha" 


Linha inundada. Até de represa serve...


 Mais ou menos linha


Um novo companheiro de viagem, qual anjo em momentos difíceis! 


A chegada a Variz. Momento de bolhas nos pés. Sinal de alarme! 



A estação de Variz, em frente e verso. 


A saída penosa em bom caminho 


 Recortes do Nordeste grandioso.


Ainda se vê o trilho da linha 


Quase nem trilho, nem companheiro. As bolhas, meu Deus, as bolhas! 


Castanheiros no pão 


Passagem superior interdita 


Estação de Mogadouro. 

O objectivo não ia ser cumprido. A cerca de 10 km de Mogadouro, na estação do mesmo nome,  parámos devido a problemas nos pés, com bolhas enormes. Imperdoável para quem está habituado a andar. Fomos dormir à vila, para regressarmos no dia seguinte e apenas conseguir andar, penosamente, até Vilar de Rei. Impossível continuar!
Fica a certeza de regressar em breve e fazer o que está por acabar.


A silhueta do dia seguinte. 


A linha e eu EM BAIXO 



 Paisagem para terminar... por hoje!



 Propositadamente não fotografei  o bonito apeadeiro de Vilar de Rei. Será outra entrada, a começar por aqui. Com menos calor, menos peso às costas e pés bem tratados.

Resta dizer, mais uma vez, que temos gente a mandar neste país, que nem devia ter qualquer espécie de responsabilidade. É lamentável o que aconteceu com estas linhas que foram desactivadas. Só mostra quão pobres de espírito somos... ou então houve muitos interesses pelo meio.